Nem é preciso sentir na pele o senso de desorientação por não saber o que se quer da vida ou espremer o peito, angustiado, por estar em um momento decisivo e não saber o que fazer, ou ainda, arrepender-se de morte diante de uma escolha consumada para saber que escolher é difícil. Dificílimo.Escolher é a arte de saber renunciar.
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Quando a Paz pede passagem à Justiça
“O mais belo fruto da justiça; é a paz da alma” (Epicuro)
“O fruto da justiça será a paz; e a obra da justiça proporcionará tranquilidade e segurança eternas” (Isaías, 32:17)
“Hey joe,
O que o teu filho vai pensar
Quando a fumaça baixar?
(…)
Também morre quem atira”
(Hey Joe, O Rappa)
Quando estava na faculdade e o professor de Filosofia do Direito citou Epícuro, tive a impressão de ter entrado em contato com umas das verdades mais absolutas da vida. Parecia uma criança que tinha acabado de aprender a falar uma palavra nova. Citei essa frase nos mais diversos contextos: para falar de justiça social, de política, serviços públicos, investimentos, decisões judiciais e até para justificar posicionamentos pessoais bastante recentes.
Hoje – não hoje em dia, mas hoje, hoje, dia 24 de agosto de 2015 – eu ouso discordar.
Não só discordar, mas pensar justamente o contrário: a Justiça é que é fruto da paz. Não falo sobre qualquer justiça. Falo da Justiça que acomoda interesses, ao invés de os sobrepor. justiça que contrapõe interesses prolonga acertos de contas de uma equação que não fecha nunca. Continuar lendo
♔ A ajuda que vem de dentro
“Nada pode perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa.
Com efeito, e em última análise, é precisamente nas coisas mais profundas e importantes que estamos indizivelmente sós, (…).”(Rainer Maria Rilke, Cartas a um Jovem Poeta)
Sempre me cocei ao ouvir o termo autoajuda. Olhava torto para quem me dizia que que o melhor livro que já lera era algum do Paulo Coelho. Sorria com desdém aos que citavam Augusto Cury como argumento de autoridade. Ao ver best sellers espiritualistas, focados em autoconhecimento e desenvolvimento pessoal empilhando-se nas bancadas de destaque das livrarias sentia estar entrando numa versão mais sofisticada da finada Blockbuster e quase podia ouvir barulho de caixas registradoras quando via pessoas folheando este tipo de livros. “Autores que deixam o bem escrever de lado para ganhar dinheiro”. Hereges. “Leitores que deixam de lado literatura de qualidade para perder tempo com essas baboseiras que não levam a lugar algum”. Fracos. Continuar lendo