♔ O Ser Brincante

“E se depois de tanto mimo

que o atraia, ele se sente

pobre, sem paz e sem arrimo,

alma vazia, amargamente?

Não é feliz.

 

Mas que fazer

para consolo desta criança?

Como em seu íntimo acender

uma fagulha de confiança?

 

Eis que acode meu coração

e oferece, como uma flor,

a doçura desta lição:

dar a meu filho meu amor.

 

Pois o amor resgata a pobreza,

vence o tédio, ilumina o dia

e instaura em nossa natureza

a imperecível alegria”

 

(Carlos Drummond de Andrade, Farewell)

Quando foi a última vez que você brincou? Não, não me refiro a ironias, sarcasmos, gozações ou tiradas de duplo sentido.

Quando foi a última vez que você se percebeu criança outra vez? Não, não me refiro a surtos de imaturidade e nem a xiliques de um ego esperneante que não consegue o que quer.

Quando foi a última vez que você gargalhou com vontade, dançou sem se preocupar se os movimentos estavam harmoniosos, correu por aí só porque teve vontade – sem tênis, sem frequencímetro -, pulou de pura alegria, disse coisas sem sentido pelo simples prazer de se divertir com o som das palavras? Continuar lendo